sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Dez casos de microcefalia confirmados no Maranhão

Léa Márcia Costa, superintendente de Epidemiologia e Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde
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A microcefalia é uma condição rara em que o bebê, com idade gestacional normal de nove meses, nasce com o crânio menor que 33 cm. A doença está associada a uma má formação congênita ligada a diferentes fatores, como infecção por agentes biológicos, como bactérias e vírus, adquiridas pela mãe, principalmente no primeiro trimestre da gestação, que é quando o cérebro do bebê está em formação. Dentre as principais, estão infecções como toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus. Outros fatores se referem ao uso de substâncias químicas durante a gravidez,como álcool e drogas.
O Maranhão já registrou, desde o início do ano, sete casos de microcefalia no estado. As notificações foram registradas pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), que informou, por meio de nota, que recebeu, por volta das 17h, a atualização total de 10 casos confirmados de microcefalia, nos seguintes municípios: Coroatá (1), São Francisco do Brejão (1), Buriticupu (1), São José de Ribamar (1), Barra do Corda (1), Chapadinha (1), Dom Pedro (1), São Luís (1) e Santa Inês (2). A SES resssaltou ainda que a última atualização de casos ocorreu no último dia 16 de novembro. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, existe uma probabilidade muito grande de que doenças como dengue, zika vírus ou febre chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedys aegypti durante a gestação, estejam ligadas à microcefalia.

A superintendente de Epidemiologia e Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Léa Márcia Costa, esclarece a preocupação do caso. “É um fato que nos preocupa mais ainda em relação ao controle das larvas e de ovos do Aedys aegypti. O controle deve ser feito em busca de reduzir o número de caso de dengue, zika e de chikungunya. Ainda não há uma associação muito grande, mas existem fortes indícios de que o vírus é diretamente ligado à microcefalia”, afirmou a superintendente.
Alerta
Léa Márcia Costa revelou que o Maranhão está em alerta e o aumento da doença está sendo monitorado diretamente pelo Ministério da Saúde. Segundo a superintendente, o Ministério da Saúde estuda se há relação entre o zika vírus e o crescimento dos casos de microcefalia na região Nordeste. Mas, é comprovado que doenças virais podem ser causadoras de má formação dos fetos. “O clima quente e úmido do Maranhão é um ambiente favorável para a proliferação desses vírus, portanto, o estado deve sempre permanecer em alerta”, explicou Léa Márcia.
A superintendente explicou ainda que em 2012 foram notificados seis casos. E, em 2013 e 2014, apenas dois casos. Léa Márcia afirmou que os casos estão dentro da média e bem abaixo dos números notificados em outros estados do Nordeste. E que a Secretaria de Estado da Saúde está alertando todos os municípios sobre a Portaria do Ministério da Saúde n° 116/2009, que trata da responsabilidade de alimentação dos casos no Sinasc em, no máximo, 60 dias. Mas nós, da SES, orientamos para que isso aconteça mais rápido, que não ultrapasse 30 dias.
O acréscimo expressivo no número de casos de microcefalia no Nordeste fez com que o Ministério da Saúde declarasse estado de emergência em saúde pública. Em média, os casos em Pernambuco não passavam de dez por ano, mas nos últimos quatro meses foram confirmados 141 registros. Já o Rio Grande do Norte e a Paraíba também tiveram aumento no número de casos de microcefalia, registrando, respectivamente, 21 e 9 casos este ano. No dia 11 de dezembro, a Secretaria de Estado da Saúde fará uma campanha em São Luís para tratar do assunto. O local da campanha será divulgado em breve.
Controle da doença
A superintendente esclareceu também de que forma a Secretaria da Saúde está atuando em relação ao controle da proliferação da doença na capital e no interior do estado. “No combate à dengue, nosso controle já é bem antigo. A maneira de prevenção é a mesma, o mosquito é o mesmo, o Aedys aegypti, que também transmite a zika e chikungunya. A ação de combate ao mosquito tem que ser reforçada cada vez mais. E já foi montado um plano de contingência onde foram definidas as responsabilidades. “Os municípios também têm seus planos, onde eles se comprometem a fazer o seu trabalho de reforço nesse combate”, disse ela.
Sobre a hipótese que tem sido discutida pela comunidade médica, de que o aumento de casos de microcefalia poderia estar relacionado a infecções por zika vírus – vírus que foi identificado pela primeira vez no país em abril deste ano – os representantes do Ministério da Saúde afirmam que ainda é precipitado atribuir o evento a essa causa.
No Maranhão, a SES cruzou os nomes das mães que tiveram bebês com microcefalia em outro programa de monitoramento, que é o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Nenhuma das mães que tiveram filhos identificados com microcefalia este ano tiveram doenças notificadas, como o zika vírus.
O que é a microcefalia

Microcefalia

Uma das medidas de combate ao mosquito é “o carro da fumaça”, que serve para evitar que ele se espalhe, mas, segundo Léa Márcia, a medida não é suficiente. “O carro da fumaça já está circulando, mas isso não é o suficiente. Recomendamos que as pessoas evitem essa proliferação do mosquito, tomando muito cuidado em suas casas. Nós alugamos 20 carros fumacê este ano e já estão todos montados. No momento, estamos trabalhando nesses municípios que têm notificação realmente de casos, como Cururupu, que no momento nossa equipe se encontra lá”.
O trabalho mais importante é a eliminação de ovos e larvas. A recomendação é ter o cuidado de não deixar água acumulada e parada em pneus, vasilhas e outros materiais de armazenamento. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que o Maranhão, juntamente com as demais secretarias de Estado da Saúde de todo o país, está alinhando, junto ao Ministério da Saúde (MS), uma rede de assistência voltada para o tratamento da microcefalia. Na capital São Luís, o Hospital Infantil Dr. Juvêncio Mattos já atende casos desta e de outras doenças de má formação, com equipe de neuropediatras e médicos geneticistas.
O IMPARCIAL

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