Os grupos políticos liderados pelo governador Flávio Dino e o ex-senador José Sarney têm a plena leitura da eleição de prefeitos e vereadores em 2016 como os pilares de sustentação que podem definir a eleição de governador e senadores em 2018. Conseguir pontuar territórios no mapa eleitoral pode garantir a capacidade de extensão dos partidos ligados ao Palácio dos Leões e a continuidade da unificação do grupo Sarney. As eleições municipais do próximo ano têm um papel de início e fim de hegemonias do poder. Os candidatos nos interiores com menos eleitores sabem que, no conjunto das votações, as suas conquistas nas urnas mudam um cenário de décadas. E parece que este preço vai ser cobrado do governador e senadores com interesses no tesouro estadual e federal para financiarem as campanhas.
O eleitor maranhense está habituado a acompanhar as eleições municipais com candidatos a prefeito e vereador apoiados pelos deputados estaduais e federais com a participação do governo do estado ou de líderes da oposição. A participação desses atores políticos com estrutura operacional e financeira tem a intenção de garantir a continuidade dos mandatos nas eleições estaduais. Os senadores, eleitos com votos na maioria dos municípios, continuam sendo figuras ausentes no corpo a corpo do período que antecede o pleito eleitoral, mantendo a sustentação das suas bases por meio de verbas conseguidas no governo e na liberação das emendas parlamentares que anualmente permite a indicação de mais de R$ 15 milhões para os municípios de interesse no plano de eleger os partidários.
Durante décadas, a imagem dos senadores está associada ao Palácio do Planalto. A maioria da população entende que exercem uma função legislativa diferenciada, cercados de poderes acima dos deputados federais, com acessos ilimitados aos gabinetes dos ministros para solicitações de implantação de projetos nos municípios com maior volume de votação nos seus mandatos, levando seus correligionários a Brasília, promovendo o acesso com a senha que somente os eleitos ao Senado Federal podem permitir. A habilidade do ex-senador José Sarney de viabilizar, durante décadas, trânsitos diretos com presidentes da República, sem esquecer seu mandato no Planalto, somado a períodos como presidente do Congresso Nacional, promoveu uma hierarquia que asfixiou os outros senadores do seu grupo político, deixando a todos como escudeiros na manutenção de prefeituras e câmaras de vereadores.
Apesar de deixar o mandato de senador, por último pelo Amapá, Sarney manteve fiéis representantes para garantir a continuidade do atendimento aos pleitos partidários e arrematar espaços generosos com cargos federais no Maranhão. Mesmo com a vitória da oposição com Flávio Dino como governador que nos derradeiros minutos levou o candidato Roberto Rocha a ocupar uma cadeira na câmara alta, os senadores Edison Lobão e João Alberto mantêm a moeda de troca que contabiliza reservas para eleger os prefeitos e vereadores garantindo a renovação dos mandatos de ambos na eleição de 2018 e 2022.
João Alberto
A base eleitoral de João Alberto sempre esteve no município de Bacabal, onde apresentou o deputado estadual Roberto Costa como seu escolhido a concorrer pela vaga no Executivo. Sofre perdas iniciais com retalhos a serem costurados entre os seus comandados por não aceitarem o nome apontado pelo senador, para posteriormente poder cuidar de outros municípios. Eleito senador em 2010, para um segundo mandato, observa a estratégia do governo estadual em identificar e fortalecer seus opositores e aplicar obras de efeito imediato nos seus redutos, enfraquecendo seu papel de viabilizador de obras com o governo federal, que corta todos os projetos diante da crise financeira. O seu papel de substituto de confiança do grupo Sarney sempre garantiu a renovação de mandatos, agora precisa provar nas urnas que consegue eleger aliados municipais sem poder contar com o governo estadual e tendo de equilibrar as rusgas diante do embate velado entre o PMDB e o PT. Mas tem no seu currículo experiência como deputado estadual, federal, governador e presidente do PMDB estadual que dão crédito para contornar as dificuldades de manter o mandato em Brasília.
Roberto Rocha
Senador eleito junto com o fenômeno da mudança de comportamentos dos políticos no Maranhão, exerce um mandato voltado a apresentar projetos. Membro necessário na direção nacional do PSB que consegue circular com tranquilidade junto aos cardeais do PSDB, que é seu antigo partido e principal legenda com possibilidade de eleger o sucessor da presidenta Dilma Rousseff. Mesmo sendo visto como opositor pelo governo federal, desenvolve um estilo que afasta o patrulhamento do PT, sem discursos agressivos ou pedidos de caças aos corruptos que, somado ao peso da sua cadeira no Senado, abre as portas para seus correligionários nos órgãos federais. Filho do ex-governador Luiz Rocha, plantou na região sul do estado a sua marca política. Rochinha, seu irmão, prefeito de Balsas, tem possibilidades de manter o cargo em 2016 com as obras realizadas pelo governo estadual. Nos outros municípios, o senador precisa que as indicações do mandato sejam atendidas com volume de obras. A principal incógnita continua sendo a fórmula para viabilizar o nome do seu filho, vereador Roberto Jr., como o nome a vice na chapa do prefeito Edivaldo Holanda.
Edison Lobão
Eleito senador pela primeira vez em 1986, com um período como governador, que fortaleceu por definitivo a sua imagem para o eleitor maranhense, conseguiu voltar ao Senado em 1995, 2013 e 2011, anteriormente passando pela Câmara Federal por dois mandatos e exercendo o papel na poderosa pasta de Minas e Energia, permitindo-o ser um dos principais protagonistas e espectador desejado pelos candidatos nas eleições de 2016 e 2018. Seu atual mandato se encerra em 2022. Mesmo envolvido nas denúncias da Operação Lava-Jato, ainda mantém forte influência na escolha dos candidatos e nas composições de chapas com outros partidos. Sua principal base eleitoral fica situada na Região Tocantina, estabelecendo Imperatriz como o peso da sua balança nos resultados das urnas, apesar de não haver ainda um candidato indicado pelo senador para a eleição no segundo maior município de eleitores no Maranhão. Seu temperamento conciliador pode permitir uma blindagem na contagem de votos que manteve em sucessivas eleições. Sua força no PMDB nacional garante a escolha dos membros nos diretórios municipais e de candidatos nas convenções.
O IMPARCIAL
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