sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Gastão Vieira fez emendas para cidades onde foi mais votado


O novo ministro do Turismo, Gastão Vieira (PMDB), deu prioridade a quatro pequenas cidades nas quais foi o candidato a deputado mais votado ao propor emendas ao Orçamento para infraestrutura turística no Maranhão.

Foto: Andre Dusek/AE - 15.09.2011

Gastão Vieira cumprimenta Sarney no Fórum Nacional do PMDB

Os municípios - São João dos Patos, Araioses, São Bento e Loreto - foram beneficiados por uma emenda de R$ 2,5 milhões no Orçamento de 2011. A emenda foi apresentada no fim do ano passado, quando Gastão já havia sido reeleito e tinha em mãos o mapa de sua votação. Nas quatro cidades, ele foi o líder disparado nas urnas, com mais de um quarto dos votos válidos - em Loreto, abocanhou 41% do eleitorado.

Apesar de nenhuma das cidades não serem nacionalmente famosas por suas atrações turísticas, Gastão disse ao Estado que elas têm "clara vocação" para a atividade. O ministro, porém, admitiu que o resultado eleitoral influenciou a destinação dos recursos.

Uma segunda emenda apresentada por Gastão, que envolve R$ 1,5 milhão do Ministério das Cidades, também beneficiou redutos nos quais ele foi o candidato mais votado: Centro Novo do Maranhão, Matões do Norte e Mirador.

Segundo o peemedebista, o Ministério do Turismo, atualmente, não exige que as cidades beneficiadas por emendas tenham atrações turísticas. Ele prometeu se esforçar para mudar essa situação, mas reconheceu que, no Congresso, não seguiu o critério técnico à risca. Como exemplo, citou a destinação de recursos para a construção de praças, com recursos do Ministério do Turismo, "em cidades onde não há lazer".

Gastão disse que Loreto, cidade para a qual propôs a destinação de R$ 487,5 mil, recebe "milhares de romeiros" em uma festa religiosa anual, e que precisa de infraestrutura para acolher os visitantes.

São João dos Patos foi qualificada pelo novo ministro como a "capital maranhense do bordado". Ele propôs beneficiar o município, onde teve 35% dos votos, com R$ 975 mil.
‘Genérico’. Na manhã de quinta-feira, 15, Gastão concedeu à rádio Estadão ESPN sua primeira entrevista como ministro, na qual amenizou o fato de não ter experiência na área e de ter sido indicado pelo presidente do Senado, José Sarney. "Eu absolutamente não me considero um ministro genérico. Pelo contrário, sou uma pessoa que se preparou ao longo da vida para enfrentar desafios", disse, em referência a uma afirmação feita na véspera pelo do líder de seu partido na Câmara, Henrique Alves.

O novo ministro afirmou ainda que não vê como problema a sua ligação com Sarney e destacou que seu nome foi uma "unanimidade" dentro do PMDB: "Chego no ministério com o apoio de toda a minha bancada, do líder do meu partido, do vice-presidente Michel Temer. Acho que eu tenho alguns predicados, além de, eventualmente, ser afilhado ou não do presidente José Sarney".

Abaixo, o ministro fala sobre a liberação de emendas:

O senhor apresentou emendas para cidades onde foi o mais votado. Isso teve peso?
É evidente. Fui o deputado mais votado do Maranhão em função do meu trabalho. Minhas emendas são destinadas para os municípios, eu procuro acompanhar a aplicação, e a votação é a consequência. Você trabalha, a população pede, fica satisfeita, e o resultado vem. Essa é a vida de um parlamentar. Não há outra razão para alguém ser parlamentar a não ser beneficiar a população onde ele tem a sua base política, para que essa população o mantenha como seu bom representante.

Mas um parlamentar não teria de se preocupar com o Estado todo, ou com o Brasil todo?
Com o Brasil, não. Se eu apresentar uma emenda para o Ceará, o Piauí, o Pará, vocês mesmos vão vir atrás de mim para saber que interesse eu tenho de fazer emenda para o lugar onde não sou votado. Eu sou um deputado que trabalha para o Estado. Só na área de educação o Maranhão já vai passando aí de 18 IFETs (Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia), e antes só havia dois. Isso é um trabalho a que eu me dedico integralmente em vários municípios, muitos dos quais onde nem sequer faço política.

O sr. atribui a seu trabalho a instalação de institutos que são do Ministério da Educação?
Ao meu trabalho. Trago dados, o número de alunos que estão no ensino médio, com ensino médio concluído... Se a prefeitura não doar o terreno, não tem como o ministério construir. Aí a gente corre atrás do prefeito.

O sr. só apresentou emendas de turismo para municípios com vocação turística?
Olha, dentro do meu entendimento. O prefeito diz: o meu município não tem uma praça, um lazer, a população não tem onde sentar de noite. Aí o Ministério do Turismo financia praça, então eu posso fazer uma emenda para ele. Tudo com o custo compatível. Eu procuro manter essa coerência.

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