por José Guilherme Camargo
O advogado Ércio Quaresma, que defendeu o goleiro Bruno Fernandes, afirmou nesta segunda-feira não acreditar que seu ex-cliente aponte Luiz Henrique Romão, o Macarrão, como o autor do possível assassinado da modelo e ex-amante de Bruno, Eliza Samudio, desaparecida desde 2010. O advogado, que hoje defende o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor do crime, questionou a declaração de Rui Caldas Pimenta, atual advogado de Bruno. Segundo Pimenta, seu cliente deve dizer à Justiça que Macarrão foi o mandante.
Confira o especial sobre 1 ano do caso
Veja a cronologia
"É uma estratégia que ele está levando a termo, tentando transferir a responsabilidade para terceiro. Mas eu gostaria muito de estar vivo para estar presente neste depoimento e ouvir da boca do Bruno isso (que Macarrão foi mandante do crime), porque até o presente momento, quando representado por outro advogado, após o meu afastamento, em momento algum ele assumiu autoria de delito, em momento algum ele assumiu que o Macarrão teria feito isso", disse.
Em entrevistas, Pimenta culpou Macarrão pela morte de Eliza. Segundo o defensor, teria sido ele, e não Bruno, o mandante do crime. O advogado de Macarrão, Wasley Vasconcelos, comentou a declaração e disse que já esperava que a culpa fosse transferida para seu cliente. No final da manhã de hoje, Wasley renunciou o cargo alegando que seu cliente estaria sendo coagido para assumir o crime.
Caso Bruno: namorada desaparecida fazia pornô
Segundo Quaresma, a tese de que Macarrão seria homossexual e teria matado a modelo por ciúme e infundada. "O doutor Wasley colocou uma situação muito própria. O Bruno era um cidadão que tinha várias mulheres e isso gerou inclusive a separação dele e da Dayanne, antes até do desenrolar desses acontecimentos. Quando esses fatos ocorreram, ele já estava separado. Então o Macarrão teria que ser um serial killer. Porque o Bruno tinha várias mulheres. Se o motivo foi o ciúme, já tinham que ter morrido várias mulheres", disse.
O advogado lembrou também de um vídeo divulgado pelo programa Fantástico, da Rede Globo, em que Bruno é entrevistado por policiais civis no avião que o levava do Rio de Janeiro a Belo Horizonte para prestar depoimento. Segundo ele, mesmo em uma conversa informal, Bruno nunca deu indícios de que Macarrão teria mandado matar Eliza.
"Mais ainda, aquele vídeo foi vazado para uma emissora de televisão com privilégios junto à polícia. E isso até hoje não foi apurado. Quem vendeu? Por quanto vendeu aquela gravação do avião? A polícia judiciária e corregedoria não deram conta até hoje. Isso foi simplesmente esquecido. Alguém pegou uma gravação que foi feita de forma espúria, sem dar ciência aquele que estava sendo entrevistado informalmente e ele não levanta nenhum tipo de dúvida, ou aponta o Macarrão como sendo autor de morte. Isso em conversa informal", disse.
Para Quaresma, ainda não há indícios que apontem a morte de Eliza Samudio. "Uma coisa é categórica: não há neste processo prova de morte, não existe sequer um elemento de prova técnica no sentido de corroborar a ocorrência do homicídio, principalmente da forma como foi falado pela polícia, que depois que ela foi morta, foi esquartejada e a mão atirada para os cães. Os cães foram periciados. Não houve apuração da presença de nenhum material genético. Então isso é uma situação absolutamente contrária a que existe em vigência no processo", afirmou.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada.
O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado.
Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.
O advogado Ércio Quaresma, que defendeu o goleiro Bruno Fernandes, afirmou nesta segunda-feira não acreditar que seu ex-cliente aponte Luiz Henrique Romão, o Macarrão, como o autor do possível assassinado da modelo e ex-amante de Bruno, Eliza Samudio, desaparecida desde 2010. O advogado, que hoje defende o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o executor do crime, questionou a declaração de Rui Caldas Pimenta, atual advogado de Bruno. Segundo Pimenta, seu cliente deve dizer à Justiça que Macarrão foi o mandante.
Confira o especial sobre 1 ano do caso
Veja a cronologia
"É uma estratégia que ele está levando a termo, tentando transferir a responsabilidade para terceiro. Mas eu gostaria muito de estar vivo para estar presente neste depoimento e ouvir da boca do Bruno isso (que Macarrão foi mandante do crime), porque até o presente momento, quando representado por outro advogado, após o meu afastamento, em momento algum ele assumiu autoria de delito, em momento algum ele assumiu que o Macarrão teria feito isso", disse.
Ércio Quaresma foi advogado de Bruno e hoje defende o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola |
Caso Bruno: namorada desaparecida fazia pornô
Segundo Quaresma, a tese de que Macarrão seria homossexual e teria matado a modelo por ciúme e infundada. "O doutor Wasley colocou uma situação muito própria. O Bruno era um cidadão que tinha várias mulheres e isso gerou inclusive a separação dele e da Dayanne, antes até do desenrolar desses acontecimentos. Quando esses fatos ocorreram, ele já estava separado. Então o Macarrão teria que ser um serial killer. Porque o Bruno tinha várias mulheres. Se o motivo foi o ciúme, já tinham que ter morrido várias mulheres", disse.
O advogado lembrou também de um vídeo divulgado pelo programa Fantástico, da Rede Globo, em que Bruno é entrevistado por policiais civis no avião que o levava do Rio de Janeiro a Belo Horizonte para prestar depoimento. Segundo ele, mesmo em uma conversa informal, Bruno nunca deu indícios de que Macarrão teria mandado matar Eliza.
"Mais ainda, aquele vídeo foi vazado para uma emissora de televisão com privilégios junto à polícia. E isso até hoje não foi apurado. Quem vendeu? Por quanto vendeu aquela gravação do avião? A polícia judiciária e corregedoria não deram conta até hoje. Isso foi simplesmente esquecido. Alguém pegou uma gravação que foi feita de forma espúria, sem dar ciência aquele que estava sendo entrevistado informalmente e ele não levanta nenhum tipo de dúvida, ou aponta o Macarrão como sendo autor de morte. Isso em conversa informal", disse.
Para Quaresma, ainda não há indícios que apontem a morte de Eliza Samudio. "Uma coisa é categórica: não há neste processo prova de morte, não existe sequer um elemento de prova técnica no sentido de corroborar a ocorrência do homicídio, principalmente da forma como foi falado pela polícia, que depois que ela foi morta, foi esquartejada e a mão atirada para os cães. Os cães foram periciados. Não houve apuração da presença de nenhum material genético. Então isso é uma situação absolutamente contrária a que existe em vigência no processo", afirmou.
O caso Bruno
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010 quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com 4 meses, estava lá. A mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada.
O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado.
Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.
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