Bicampeão mundial lembra ameaça de bomba na Argentina nos anos 70, defende Felipe Massa e aponta Button e Rosberg como favoritos
Argentina, em 1975 (Foto: Getty Images)
Considerado o responsável por abrir os caminhos para os brasileiros que tentaram a sorte no automobilismo europeu a partir da década de 1970, Emerson Fittipaldi celebra em 2012 os 40 anos do primeiro de seus dois títulos mundiais de Fórmula 1. Sem tirar os olhos da categoria que o consagrou, o ex-piloto elogia Bruno Senna e defende Felipe Massa. Às vésperas do GP do Barhein, marcado para este domingo apesar dos protestos da população, Emerson recorda um episódio de 1975, quando uma ameaça de bomba deixou os pilotos em alerta na Argentina.
- Os pilotos têm que ir, é parte do contrato. São esportistas que estão lá participando de um campeonato e são independentes do problema político que está acontecendo lá. Pouca gente sabe, mas uma vez eu estava na Argentina, em 1975, e a uma hora da largada veio um cara da polícia e falou: “todo mundo para fora, porque há uma bomba no paddock e ela vai explodir”. E tinha mesmo, em cima dos boxes. Era uma época em que havia um movimento de oposição ao governo Perón, e nós sentimos este problema, corremos este risco – relembra o piloto, que à época guiava pela McLaren.
Sobre a atual temporada, Emerson destaca que as corridas estão “mais dinâmicas e mais competitivas” e celebra a rápida readaptação de Kimi Raikkonen à categoria. Falando sobre os brasileiros, ele rasga elogios a Bruno Senna, único representante verde-amarelo a pontuar neste início de ano. Segundo Emerson, Bruno está se saindo melhor do que ele previa.
- O Bruno vem bem desde o GP do Brasil do ano passado, quando conseguiu classificar bem com um carro que era pouco competitivo. Aquilo me impressionou muito. Os dois resultados dele neste ano mostram que ele vem forte na corrida, mantém um ritmo rápido e não erra, mesmo com a pouca experiência que tem. E isso com a responsabilidade do nome que leva. A partir do momento em que você está correndo lá (na F-1) é uma pressão terrível, e ele está “tocando” bem, além da minha expectativa. Está espetacular – ressalta o bicampeão mundial, que era amigo pessoal de Ayrton Senna, tio de Bruno.
Para Fittipaldi, o desempenho mediano de Felipe Massa em relação ao companheiro Fernando Alonso nada tem a ver com o acidente sofrido pelo brasileiro em 2009. Em sua opinião, isto é fruto da dificuldade de adaptação de Felipe ao atual momento vivido pela Fórmula 1, onde uma pilotagem mais suave e a administração do equipamento tem feito a diferença.
- A Ferrari é uma equipe que tem estrutura financeira, material e humana para ter dois carros supercompetitivos. O talento do Felipe continua lá, sempre esteve, só que o estilo de pilotagem dele não se adapta bem ao que há hoje disponível na F-1. Sem controle de tração, ele consome pneus mais rápido do que um piloto menos agressivo, e o desgaste alto é um problema atualmente. Mas que ele pode superar, assim como o Schumacher levou dois anos, mas superou. O Felipe pode surpreender – alerta Emerson.
E é justamente a excelência em administrar o equipamento, que sempre foi uma de suas características no período em que guiou na Fórmula 1, de 1970 a 1980, que faz Emerson Fittipaldi pinçar dois pilotos como os grandes favoritos ao título desta temporada. Em sua visão, mesmo um talento natural como Lewis Hamilton, campeão de 2008, pode encontrar dificuldades para se impor nas atuais circunstâncias.
- Pelo que eu estou vendo, vai ficar entre o Jenson Button e o Nico Rosberg. São os grandes favoritos. Obviamente, se a Ferrari melhorar, o Fernando é espetacular. Mas ele não está com o equipamento que tinha que estar. O Lewis Hamilton é muito agressivo, muito rápido, mas acho que o Jenson é muito limpo, tem mais domínio do equipamento e dos pneus, então o conjunto se adapta melhor ao estilo dele. O Hamilton sabe controlar o carro, ultrapassar, mas se você me perguntar qual tem a chance maior, acho que é o Jenson, pelo estilo dele – aponta o bicampeão, que conquistou 14 vitórias na Fórmula 1 pelas equipes Lotus e McLaren.
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