sábado, 27 de fevereiro de 2016

Máfia dos cartões de benefício teria desviado cerca de R$ 4,3 milhões

Na manhã de ontem, o Departamento de Polícia Federal, juntamente com o Ministério do Trabalho e Previdência Social e o Ministério Público Federal, realizou uma ação que levou a identificação de um esquema criminoso, no qual uma quadrilha adquiria cartões magnéticos, que eram utilizados para saques de benefícios do INSS. A operação foi batizada de Tânato.
Segundo informações, as investigações vinham acontecendo desde 2013, acompanhando as ações da organização criminosa, que atuava desde 2009. Durante as averiguações, foi constatado que os beneficiários criavam certidões de nascimento e carteiras de identidade falsas, que eram designadas exclusivamente para fazer parte do benefício. Os esquemas de crimes previdenciários ocorriam nas cidades de São Luís, Paço do Lumiar, São José de Ribamar, São Bento e Palmeirândia. Cerca de 16 equipes da Polícia Federal atuaram no caso.
De acordo com delegado da Polícia Federal Sandro Ângelo Brito, também estavam envolvidos no esquema um servidor do INSS e um policial militar. O servidor do órgão previdenciário, que atuava no setor de concessão de benefícios do INSS, foi suspenso do exercício de suas atribuições e de qualquer outro cargo que envolva a Previdência Social. O delegado explica como essa operação teve início.

Honório Moreira/OImp/D.A Press


“A operação teve origem para desarticular as quadrilhas que estavam agindo em São Luís. Tivemos várias denúncias, e, durante as investigações, descobrimos vários municípios envolvidos, incluindo a participação de um servidor do INSS, que funcionava como um laranja e estava à disposição somente para requerer este benefício”, explicou.
Sandro Brito também detalhou como ocorria o modus operandi da quadrilha para conseguir retirar os valores e receber os benefícios.

“Quando a quadrilha chegava no órgão, o funcionário requeria o benefício e passava o cartão do saque, com isso, a quadrilha ficava com o cartão sacando o valor de um salário mínimo mensalmente. O esquema funcionava através da fabricação de cartões utilizando nomes falsos e nomes de pessoas que já faleceram. Um dos investigados no esquema possuía cerca de 400 cartões”, esclareceu.
Durante a operação, foram recolhidos cerca de 600 cartões de créditos, carteiras de trabalho, carimbos com símbolo do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e vários outros documentos. O prejuízo, rapidamente identificado, de início, foi de R$ 4,3 milhões, com uma estimativa de R$ 1 milhão mensal.
A Operação Tânato contou com a participação de 60 policiais federais e dois servidores da Previdência Social. A polícia cumpriu 28 mandados judiciais, sendo que 12 foram de condução coercitiva e captura de bens e de veículos envolvidos.
O policial militar envolvido no esquema tinha função de guardar os cartões que eram usados para saques. Como os cartões possuem alto valor financeiro, os outros membros da quadrilha tinham receio de serem roubados e utilizavam do policial como um segurança 24 horas. Nesse caso específico, o policial foi usado exclusivamente para guardar esses cartões.
A preocupação do grupo era real, já que em uma outra operação realizada na cidade de Barra do Corda, outras quadrilhas furtaram cerca de 150 cartões de um dos membros da equipe. Portanto, para o bando, a função do policial era primordial para o sucesso da empreitada. Os cartões, inclusive, poderiam ser vendidos por valores altíssimos em uma forma de “comércio”


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