terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Apoio de FHC a Aécio Neves em 2014 em entrevista a “The Economist” é bomba que afetará a eleição presidencial


fhc-aecio-serra

Fernando Henrique, Aécio e Serra: o ex-presidente, historicamente ligado ao paulista, acha que o mineiro é o candidato "óbvio" do PSDB para 2014 (Foto: Agência Brasil)

Dizer que é bomba é pouco.

A entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao site da revista britânica The Economist deixando clara, claríssima sua postura em favor do senador Aécio Neves (PSDB-MG) como candidato à Presidência em 2014 inevitavelmente influenciará a escolha do partido, embora ainda estejamos a mais de dois anos do início do processo de indicação.

FHC não disse: “Eu apoio Aécio”, mas afirmou que o ex-governador de Minas Gerais é “o candidato óbvio” e que 2014 não é mais a vez de Serra. Significa, em política, a mesma coisa.

FHC e Serra são amigos de décadas, foram companheiros de exílio, são correligionários e fundadores do PSDB. Serra foi importante ministro de FHC em duas pastas, Planejamento e Saúde.

A postura do ex-presidente mostra que ele não acredita nas chances eleitorais de Serra contra a presidente Dilma Rousseff e decidiu de privilegiar mais o partido e o futuro do partido do que suas profundas ligações com Serra.

Na entrevista a The Economist, cuja íntegra você pode ler em português neste link do site eagora, o ex-presidente, que a revista chama de “Cardoso”, a certa altura, diz o seguinte:

“(…) No caso do PSDB, o ex-governador Serra desempenha o papel de Lula: ele tem fibra, gosta de competir. Não sei até que ponto ele estará mais convencido que não é a vez dele, para dar espaço a outros.

The Economist: Quem seria o candidato óbvio?

Cardoso: Aécio Neves.

The Economist: Aécio pode ganhar?

Cardoso: Aécio é de uma cultura política brasileira mais tradicional, mais capaz de estabelecer alianças. Ele tem apoio em Minas Gerais [seu estado]. São Paulo não é assim, sempre se divide, é muito grande. As coisas vão ficar mais claras depois das eleições municipais [em outubro de 2012]. Provavelmente vamos ver uma forte luta interna no PSDB, entre Serra e Aécio.”

Serra, que mesmo quando FHC era presidente referia-se a ele em público como “o Fernando Henrique”, tal a intimidade de que sempre desfrutou com o presidente de honra do PSDB e sua falecida mulher, Ruth Cardoso, tinha em FHC sua principal escora entre os tucanos como candidato a qualquer coisa.

Agora, acaba de perdê-la.

gilberto-kassab-prefeito-sao-paulo-presidente-psd-20111216-size-598

Kassab: um ninguém na política nacional antes de Serra, a quem agora aplica uma facada nas costas Foto: (Douglas Aby Saber/Fotoarena/Folhapress)

Facada nas costas

Simultaneamente, Serra perde o apoio do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (criador do PSD, ex-integrante do DEM), que não declarou nada a respeito das eleições de 2014 mas, ao se dispor a indicar o candidato a vice-prefeito da cidade na chama do PT, afasta-se de vez de seu criador e mentor.

É uma punhalada nas costas que o prefeito aplica no ex-presidenciável: Kassab não era ninguém na política nacional quando Serra, contrariando muita gente do PSDB, escolheu seu nome como candidato do DEM a prefeito de São Paulo em 2004.

Kassab desfrutou de responsabilidades na curta gestão de Serra como prefeito e substituiu-o quando o titular renunciou para disputar, e vencer, as eleições para governador do Estado em 2006.

Como governador, Serra empenhou-se a fundo na reeleição de Kassab em 2008, apoiando-o inclusive contra o candidato de seu próprio partido, o hoje governador Geraldo Alckmin.

Esse episódio, aliás, acabou sendo um marco nas divisões internas do poderoso PSDB de São Paulo, e a decisão de FHC em relação à candidatura do mineiro Aécio pode ter sido também um gesto dramático destinado a acabar com o assanhamento autodestrutivo no principal ninho tucano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário