Passava um pouco das 8 horas quando a presidente Dilma Rousseff telefonou para o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos - nomeado para o cargo há apenas seis dias - e foi direto ao assunto.

'Paulo Sérgio, você tem de fazer uma 'limpa' nesse ministério e no Dnit', disse Dilma, numa referência ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

'Todo dia a gente abre o jornal e tem uma crise nesse ministério. Não tem cabimento isso!', esbravejou Dilma, na conversa com Passos. 'Eu não quero mais saber de denúncia contra A, B ou C. Tem de tirar todo mundo de lá!'

A presidente estava muito irritada com o novo capítulo das denúncias, desta vez envolvendo o diretor executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá. Sem esconder a impaciência com o prolongamento da crise, Dilma mandou Passos afastar imediatamente Sadok após ler a reportagem publicada pelo Estado.

Dilma também ordenou o afastamento de Frederico Augusto de Oliveira Dias. Filiado ao PR, ele tinha sala própria no Dnit, participava de reuniões com prefeitos e governadores, mas, segundo Luiz Antonio Pagot - o diretor-geral do Dnit que também está na 'geladeira', de férias -, era apenas um boy.

À tarde, a presidente recebeu o ministro no Planalto e reiterou a ordem para a faxina. Disse que, de agora em diante, não terá dúvida em afastar de imediato um subordinado, para submetê-lo ao rol de investigações, sempre que existir suspeita contra ele.

Para a presidente, a prática servirá como 'sinal de alerta' a toda a Esplanada.

Embora parlamentares aliados e até ministros defendam a volta de Pagot após o fim das férias, em 4 de agosto, Dilma reiterou ontem, em conversas reservadas, que ele não tem condições políticas para ficar no Dnit.