'PROFISSÃO REPÓRTER'
POR OSWALDO VIVIANI
O programa “Profissão repórter” (Rede Globo), exibido na noite de terça-feira (5), mostrou o caos na saúde em cidades pequenas de três estados brasileiros – Maranhão, Rio Grande do Norte e Rondônia. No Maranhão, a reportagem visitou sete hospitais, em Sucupira do Norte, Mirador, Jatobá, Sucupira do Riachão, Barreirinhas, Paulino Neves e Tutóia. No programa, foi levantada a suposição de que a construção de 65 hospitais, anunciada para este ano pela governadora Roseana Sarney (PMDB), seria eleitoreira, já que, segundo apurou o “Profissão repórter”, a maioria dos hospitais – 49 dos 65 – está sendo instalada em cidades administradas por prefeitos aliados da governadora.
Uma moradora de Sucupira do Norte (quase 10,5 mil habitantes) disse ao repórter Victor Ferreira que votaria no atual prefeito [Marcony da Silva dos Santos, do PPS] “por causa do hospital”. Em Mirador, um morador também revelou seu voto no prefeito atual, Joacy de Andrade Barros (PPS), que já tem sua foto na porta de entrada do hospital novo – construído, mas não inaugurado.
A reportagem também mostrou que em Jatobá (8,8 mil pessoas) e Sucupira do Riachão (4,6 mil moradores), onde hospitais do governo foram inaugurados recentemente, faltam pacientes.
Em Jatobá, por exemplo, segundo a matéria, há uma “situação inacreditável, onde tudo está limpo, equipado, amplo e... vazio”. No dia da visita do repórter ao hospital de Jatobá, havia 30 funcionários e apenas dois pacientes internados, ou seja, 15 servidores para cada paciente.
A mesma situação se repetiu em Sucupira do Riachão, onde o hospital do Estado começou a funcionar há dois meses. A diretora Vanessa Souza informou à reportagem que naquele momento não havia ninguém internado no hospital. Disse, ainda, que só três partos e uma cirurgia haviam sido realizados no hospital desde sua inauguração. “Quanto custa, por mês, manter um hospital desses funcionando?”, perguntou o repórter Victor Ferreira. “Mais de R$ 120 mil, por aí”, respondeu a diretora.
A conta dá R$ 1,4 milhão por ano, e inclui até a “comodidade” de um heliponto, que até agora só foi usado pela governadora Roseana Sarney, no dia da inauguração, informou o “Profissão repórter”.
Em Paulino Neves (população de 14,7 mil pessoas), a reportagem constatou que o hospital recentemente construído também está vazio. Dos 20 leitos disponíveis, apenas seis estão ocupados – boa parte com pacientes vindos da vizinha Tutóia em “paus de arara”, que fazem as vezes de ambulâncias.
Em Tutóia, onde nenhum dos 72 novos hospitais do estado está sendo construído, a reportagem da Globo registrou um atendimento precário, com os pacientes sendo obrigados a trazer de casa roupa de cama e outros objetos, como ventiladores. Foi filmado até um medicamento intravenoso numa garrafa peti de refrigerante sendo aplicado na veia de um paciente.
O único hospital visitado pelo “Profissão Repórter” apropriado para o tamanho da cidade foi o de Barreirinhas (mais de 56 mil moradores). “Estamos funcionando há menos de um mês, e a casa está todo tempo cheia”, disse a diretora administrativa Antonia da Silva.
Veja a matéria completa do “Profissão Repórter” em: http://g1.globo.com/profissao-reporter
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