quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Oscar Niemeyer morre aos 104 anos, no Rio de Janeiro


Valter Campanato/ABr
Arquiteto estava internado desde o dia 2 de novembro
O arquiteto Oscar Niemeyer, 104 anos, morreu nesta quarta-feira, dia 5, às 21h55, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde estava internado desde o dia 2 de novembro. Ele completaria 105 anos neste mês.

O boletim médico divulgado hoje pela instituição médica informava que o arquiteto teve uma piora por conta de uma infecção respiratória e seu estado de saúde era grave. De acordo com o hospital, Niemeyer respirava por aparelhos e encontrava-se sedado por causa da infecção respiratória.

Niemeyer foi internado três vezes neste ano. A primeira em maio, quando o arquiteto deu entrada no mesmo hospital com desidratação e pneumonia. Depois de 16 dias internado e passar pela UTI, recebeu alta.

No dia 13 de outubro, o arquiteto voltou à instituição médica após apresentar um quadro de desidratação, ficando internado por duas semanas. No dia 2 de novembro, voltou ao hospital seis dias depois de ter recebido alta com um quadro de desidratação. No dia 19, após uma nova hemorragia digestiva, o arquiteto foi submetido a tratamento de hemodiálise e fisioterapia respiratória.

Oscar Niemeyer deixa a esposa, Vera Lúcia Cabreira, e uma filha de outro casamento, Anna Maria.

Vida e obra

O célebre arquiteto Oscar Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro no dia 15 de dezembro de 1907, filho de Oscar Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro de Almeida e passou grande parte da vida em uma casa no bairro Laranjeiras. Em 1928, aos 21 anos, se casou com Annita Baldo, relacionamento que durou até a morte da mulher, em 2004.

Niemeyer ingressou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1929 e escolheu a arquitetura por gostar de desenhar desde criança. No período de estudo, até 1934, conheceu figuras importantes da arquitetura brasileira, como Hélio Uchôa, Carlos Bittencourt, Milton Roberto, João Cavalcanti e Fernando Saturnino de Brito. 

O arquiteto iniciou sua carreira profissional em 1932, no escritório de Lucio Costa e Carlos Leão e foi a convite do primeiro que ele realizou uma viagem a Nova York para participar do projeto Pavilhão Brasil. A partir daí, Niemeyer se tornou um arquiteto conhecido e respeitado no mundo inteiro.

No ano de 1940, conheceu Juscelino Kubistchek, então prefeito de Belo Horizonte, que o convidou para desempenhar o projeto do Conjunto da Pampulha. Anos mais tarde, em 1956, depois de JK ser eleito presidente do Brasil, Niemeyer é convidado para desenvolver o projeto de construção de Brasília, a nova capital do país.

Durante toda sua carreira, Niemeyer participou de encontros e exposições de arquitetura e foi convidado a desenvolver projetos em várias partes do mundo, como a sede da ONU, em Nova York, ao lado de outros arquitetos de renome. Ele ainda fez projetos na Argélia e na França, além de criar uma linha de mobiliários.

Niemeyer também foi coordenador da Escola de Arquitetura da Universidade de Brasília, entre 1962 e 1965, quando deixou o cargo em protesto contra o Golpe Militar. Membro do Partido Comunista, o arquiteto logo sai do país e vai morar na França.

Com o tempo, exposições sobre ele e seu trabalho começaram a surgir, tanto no Brasil como em outras partes do mundo – Nova York, Turim e Veneza, por exemplo. Além de livros lançados, tanto por ele como sobre ele. Ao longo de sua carreira, foi condecorado com o Prêmio Prit (Prêmio Pritzker de Arquitetura), em Chicago, em 1988, e com o Prêmio Príncipe de Astúrias, na Espanha, em 1989.

Já em 1996, recebeu o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza e, em 1998, foi agraciado com a Royal Gold Medal, concedida pelo Instituto Real dos Arquitetos Britânicos (RIBA). Em 2004 foi homenageado com o Prêmio Imperial, oferecido pela Associação de Arte do Japão. Em 2007, foi a vez de Lula entregar uma medalha do Mérito Cultural a Niemeyer, em reconhecimento à sua contribuição para a cultura brasileira. No mesmo ano, o ilustre arquiteto recebeu o título de Comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra.

Depois de 80 anos de carreira, Oscar Niemeyer deixa sua arquitetura inconfundível como legado em todo o país, em cidades como Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, entre outras. “Minha arquitetura não aceita compromissos, que visa à beleza e à invenção, sem cair em pequenos detalhes, atuando, isto sim, nas próprias estruturas, nas quais se insere e se exibe desde o primeiro traço”

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